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Arquitetos: estudio relativo
- Área: 525 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:Nicolás Mántaras
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Fabricantes: Masisa
Descrição enviada pela equipe de projeto. La Criolla é um pequeno povoado de pouco mais de 2.300 habitantes, localizado a 185 quilômetros ao norte da capital da província de Santa Fé. Por meio de um fundo para pequenas obras que a comunidade recebe anualmente, é apresentado um projeto para a primeira fase de requalificação de um galpão ferroviário como centro e espaço de produção cultural. O programa solicitado inclui uma área de ensaios/exposições, uma sala/auditório para 100 espectadores, uma oficina de cenografia, um setor de apoio com camarins e sanitários que deverão servir também aos espaços públicos adjacentes, dentro de um parque de 16 hectares.
Suspeitamos da existência de um comércio de artesanato local bastante relevante devido a outras experiências que o escritório já teve em cidades e vilas com características semelhantes em diferentes pontos da Rota 11. Produto, talvez, do atraso no aparecimento dos processos de industrialização e da sua estreita relação de produção com o meio rural e ferroviário que, com base na otimização dos recursos disponíveis, impõe a reciclagem e a reutilização perpétua de ferramentas e infraestruturas. Isso determina a permanência de procedimentos profundamente ligados à cultura local e de conhecimentos técnicos de enorme valor para a comunidade, o que se evidencia na sequência de fornos para carvão e tijolos à beira da estrada e nos produtos feitos em tornos, na serralharia e na carpintaria.
Dadas as limitações orçamentárias e as condições de produção já mencionadas, decidiu-se restringir a diversidade de itens de trabalho e equipes de obra e concentrar recursos na execução de duas operações fundamentais. De um lado, uma espécie de mobiliário habitável de madeira, executado pela equipe de trabalho de carpinteiro comunitário, cuja materialização replica em escala os procedimentos de montagem de móveis de esquadria, que estavam em alta em nosso país na década de 80. A disposição do centro cultural, abrangendo a sala do auditório, permite definir claramente a distribuição do programa em uma nova condição no seu espaço interno, contendo o núcleo de sanitário e vestiários, e um piso superior que funciona como sala de aula/oficina ou para aumentar a capacidade do auditório. No espaço restante, no 'entre', desenvolvem-se os programas com maior afluência de público, a sala de ensaios/exposições e a própria sala/auditório.
Por outro lado, um mecanismo para definir a renda, para dobrá-la. Uma máquina ‘transparente’, uma engenhoca¹ que lembra a infraestrutura ferroviária. Aqueles que acompanham os trilhos e que, pela sua simplicidade, expõem o seu funcionamento e o evidenciam. A sua resolução seria levada a cabo pelo serralheiro da comunidade, tarefa que alternaria nas horas vagas com a fabricação de maquetes de veículos e máquinas agrícolas e que ficaria orgulhosamente exposta nas prateleiras da sua oficina.
¹ A- Mecanismo, máquina ou aparelho, especialmente aquele que é difícil de operar ou tem uma função que não é facilmente percebida ou [e desconhecida.
B- Truque ou macete para conseguir alguma coisa.